segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A filha da minha mãe e eu.

Tirei o título dessa postagem de um livro que li meses atrás.. olhando pra trás vejo que ter comprado esse livro foi um dos meus primeiros passos rumo a maternidade. Eu amo ler, comprar livros pra mim não é novidade, mas quando me deparei com a sinopse desse livro, algo dentro de mim se identificou totalmente...

(...)Quando vi as duas listras azuis no teste de gravidez, tive uma certeza: preciso me sentir filha antes de me tornar mãe. Porque uma parte da minha alegria era inventada e, a outra, não era minha.(...)

E é exatamente assim comigo. 
Esse é meu primeiro post nesse blog que pretende ser meu diário como (futura) mãe e nada melhor que me apresentar, no entanto, mais que dizer que me chamo Ludmila, tenho 27 anos - até dia 21 do mês que vem, sou casada há 1 ano com o Marcos, o japonês mais lindo do mundo, sou servidora pública, moro em Brasília, adoro chocolate, pipoca e manga verde; preciso dizer que não conseguiria me construir como mãe sem primeiro me entender como filha, como a filha da minhã mãe.
Assim como no livro, existem duas Ludmilas: a filha da minha mãe e eu. E sim, eu sou as duas!
Minha relação com minha mãe é tão complexa que eu não sei se conseguirei me fazer entender... é de um amor imenso, de culpa, de dor, de lágrimas e de sorrisos... é da presença constante de uma falta, é de cuidado e de compaixão.
Minha mãe foi absurdamente carinhosa comigo, e absurdamente ausente também... foi meiga e relapsa, foi incentivadora e distante... como explicar? Não sei, mas sei que agora que quero ser mãe eu começo vê-la com outros olhos... com quais? Não sei.
Eu demorei - e ainda estou nesse processo - a me ver como "eu mesma" e não como a filha da minha mãe. Deve estar confuso para vocês entenderem, isso tem gerado anos de análise... mas o fato é que minha ligação com minha mãe é assim mesmo, simplesmente confusa!
Vou tentar ser didática, explicar algumas coisas... minha infância foi relativamente comum até meus 5 anos de idade, quando meu pai cometeu suicídio, deixando minha mãe viúva aos 27 anos e com duas filhas (minha irmã Lory com 8 anos e eu com 5). Minha mãe surtou, passando de uma depressão profunda para curtir a vida adoidado como se não houvesse amanhã, nisso ela se tornou alcoólatra e por aí vocês já podem imaginar minha infância.
Minha mãe bebia muito, ficava longe de casa, se envolvia em relacionamentos desastrosos, não tinha responsabilidades... e quando estava em casa me colocava pra dormir com cafuné na cabeça e nas costas, fazia bolo nega maluca e leite com Nescau pra mim, contava histórias, brincava e dengava... Minha mãe não me batia, minha mãe sempre me dizia que eu conseguiria tudo a que me propusesse, minha mãe me dizia que me amava e me beijava. E minha mãe gastava todo o dinheiro da nossa pensão com bebidas, e me deixava doente com minha avó cuidando, saia para buscar remédio e não voltava mais, nunca me perguntou aonde eu ia, nem quando chegava, nem me chamou pra tomar banho ou almoçar, nunca se preocupou com quem eu andava, nem com o que eu comia. E eu nunca dei trabalho. Passei para uma universidade federal aos 17 anos, sempre trabalhei, estudei, não bebia, nem fumava, drogas menos ainda, namorei sempre caras legais... a filha perfeita por fora, mas vazia por dentro. 
Durante muitos anos eu me concentrei nesse vazio, nessa falta, na negligência da minha mãe, nas consequências - terríveis - disso tudo. Coisas que até hoje eu carrego. E toda minha vida foi baseada nessa sensação de desamparo, de não ter alguém para cuidar de mim... e ao mesmo tempo com carinho... difícil mesmo de explicar, eu sei.
Alguns anos de vida, de terapia e de experiências... hoje me vejo querendo ser mãe. E o que isso muda ? Muda tudo, mas não sei como.
Hoje eu sou mais eu que a filha da minha mãe, hoje consigo ver que tudo que eu passei me fizeram ser quem sou, para o bem e pra o que não gosto, e o saldo no fim das contas é positivo... 
Sei que minha mãe me ama, me ama do jeito dela e me ama como sou, e isso basta.
Ainda tenho medo de ser mãe, muitos medos... mas isso será assunto para outro post! 
Essa apresentação já está grande demais...
Falei, falei, falei e chego ao mesmo lugar, minha mãe é minha maior inspiração e meu maior medo... com base nela eu sei o que quero ser e o que não... estranhamente simples assim.
A filha da minha mãe e ela!

Minha mãe, meu amor...
PS. Não estranhe se alguma vez eu me referir a minha mãe como TIA. É que eu e minha irmã a chamamos assim: Tia! kkkk! Vai entender....

O livro que falei no início!
E muito prazer, sejam todas bem vindas ao Barriguda!
Beijos
Ludmila

14 comentários:

  1. Oi Ludmila, vim agradecer a visita no meu blog.
    E fiquei muito emocionada com a sua história. Fiquei ainda mais interessada em acompanhá-la, e entender cada vez mais seus conflitos, suas vitórias, suas lutas.
    Fiquei também muito feliz em saber que vc é de Brasília, quem sabe um dia nossa amizade possa se estender para além do mundo virtual.
    Bjus***
    Obs: Depois se possível habilite a opção de seguir o seu blog, pq quero seguir-te.

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  2. Lud vou te seguir aqui tbm, mas escondido, se o Ramon ver vai ficar todo tenso, rsrsrs sempre que vejo algo de maternidade ele pira! rs

    Como disse no outro blog, sua história é muito forte, mas só demonstra o quanto vc está preparada pra ser uma excelente mãe pro seu futuro filho! Vc venceu mtas dificuldades, vc teve mtos "motivos" para ter uma vida triste e deprimida, mas vc decidiu vencer e venceu!


    bjs


    fernandamouta.blogspot.com

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  3. Interessante sua vida.
    Pois motivos vc tinha para não ser certinha, mas sempre foi!
    Ser mãe é algo muito especial, e tenho certeza que vc vai ser uma mãe ótima, e daquelas babonas ainda rs...
    Bjs

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  4. Bem vinda Ludmila ao mundo das tentantes, espero ver de perto sua trajetoria. E sei q vc será uma excelente mãe. Bjs, coloque a opção seguir, para q possamos ser suas seguidoras.
    http://construindonossosonhos.blogspot.com.br/

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  5. Nossa que apresentaçao Ludmila!!! Tive que parar de ler o texto três vezes para limpar as lágrimas...vi um pouco de mim em vc...um pouco da minha mãe na sua... uma história que me fez por alguns segundos lembrar de tantas coisas da minha infância...e também de que não sou a única cheia de sentimentos e conflitos nessa estranha relação nossa entre mãe e filha. Vou te seguir com certeza e desde já quero te dar as boas vindas a este mundo mágico e cheio de boas energias que é a vida de Tentante.
    Bjokas

    http://elomaterno.blogspot.com.br

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  6. Adorei já de cara o blog, ótima apresentação!!
    Beijos

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  7. Oi Lud! Linda sua história, super emocionante...
    Bem-vinda ao mundo das tentantes e já estou aqui na torcida para que seja uma fase breve na sua vida!
    Bjos!

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  8. Oi ludmila!!! Muito obrigada por ter visitado meu blog! Vou te seguir aqui!
    Sua história de vida é surpreendente! E bem-vinda ao mundo mais lindo e colorido! O mundo da maternidade! É encantador e ao mesmo tempo surpreendente!!!
    Beijinhos e te espero aqui sempre!

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  9. Fantástica história
    Muitos parabéns
    Felicidades

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  10. Olá, Ludmila, cá estou eu te seguindo no seu novo blog. Sua história é impressionante e com tudo que você contou imagino a confusão que deve ser na sua cabeça, mas também tudo isso te faz uma guerreira, porque muito usam essas histórias difíceis para justificar condutas ruins, e não foi o seu casa e o que me parece nem o dá sua irmã.

    Parabéns, você já é uma vencedora. Quanto a ter filhos, eu nem te conheço pessoalmente, mas por tudo que já li, tenho certeza que você será uma excelente mãe. Poderia uma pessoa tão detalhista, carinhosa com pessoas que não conhece, apaixonada pelo sobrinho não ser uma boa mãe? E outra, como diz uma amiga minha "quando nasce uma criança, nasce uma mãe".
    Mas tudo no tempo de Deus...Entregue a ele o seu desejo e no melhor momento tudo ocorrerá.

    bjus

    Karen Nakashoji

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  11. ola, que tal expressar todo o amor pelo seu bebê através de uma linda canção produzida exclusivamente pra ele ?

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    visite as categorias recem Nascido,homenagens ,aniversario e ouça as amostras.

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    quem vc ama merece um presente que Toque.

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  12. Lud, vim retribuir sua visita! E dizer que estou imensamente feliz por saber que logo verei você barrigudinha!!! rs que coisa mais bela e rosa..rs Saiba que desejo todo o amor do mundo, e que estarei por aqui sempre que puder, porque você vai ver depois de ser mãe as cartas de amor são mais em 3D no tato diário, entre beijos e abraços e não sobra muito tempo pra escrever nos blogs, beiju

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  13. Oie eu de novo..nesse blog aqui seu nao consigo te seguir!!

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  14. Lud,, aai meu Deus,.que post lindo!!! Chorei!!!
    Te desejo toda felicidadeeeeeeeee e que a Clarissa venha linda e abençoada a este mundo.
    Adorei o novo blogue.
    Beijos
    http://neurasdeumanoiva.blogspot.com.br/

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